quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Carrosel Holandês 1

Estou lendo o livro "As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos", recém lançado pelo jornalista Mauro Betting. O texto é legal e para quem gosta de esquemas táticos é ótimo. O pessoal que lê este blog desde o ano passado, sabe que sou apaixonado pelo tema.

Quando peguei o livro fui direto ao capítulo que fala sobre a Seleção da Holanda de 1974, dos craques Cruyff, Neeskens e Krol. Sempre tive muita curiosidade sobre o que foi mesmo o "Carrosel Holandês", um dos apelidos dado aquele time. O outro era Laranja Mecânica. Naquela copa eu tinha 10 anos.

Posso dizer que muitas das coisas que a Holanda criou ou aplicou naquela copa são base do futebol moderno. Se vocês verem um jogo da copa anterior (1970), verão a diferença da velocidade do jogo de hoje. Em 1974, a Holanda mudou tudo.

A base da seleção holandesa era o Ajax que havia sido tri-campeão europeu em 71/72/73. Para aquele time, do técnico Rinus Michels, futebol significava espaço. Esta era a fórmula, cabia ao time diminuir os espaços do adversário e criar espaços para si. A partir daí se dava toda a dinâmica do jogo holandês.

A formação tática era o 4-4-3. Sendo que três zagueiros marcavam individualmente os atacantes e sobrava um homem. Vejam que a marcação da defesa era individual, mas as responsabilidades de marcação era do time todo. As outras linhas - meio e ataque, marcavam por zona.

O segredo era a compactação. Novidade na época e necessidade básica hoje. O ataque marcava na frente, o meio subia e a zaga ia junto. Assim, a Holanda tinha por característica marcar forte e marcar na frente. Outra coisa importante, a Holanda reduzia os espaços, fazendo aquela marcação mordida que não deixa o adversário respirar.

A grande novidade e que deixou o mundo do futebol pasmo foi o "pressing". De repente, quando um adversário tinha a bola dominada, procurando alguém para passar, vários jogadores - de uma vêz só - iam para cima dele, fazendo uma pressão terrível e geralmente tomavam a bola. Hoje, esta ferramenta não é utilizada, porém ficou como uma marca daquela seleção. Quem quiser, pode procurar uns vídeos no Youtube ou mesmo no Google e vão ver o "pressing" na prática.

Portanto, o Carrosel Holandes criou ou aplicou a marcação adiantada, mesmo na saída de bola do adversário, a marcação a curta distância, reduzindo espaços e a compactação, onde as linhas do time avançam ou recuam juntas, não deixando buracos no campo. Além da grande novidade o "pressing". Vejam que são muitas ferramentas táticas que hoje são imprescindíveis no futebol atual.

Uma outra tática de defesa muito usada pela Laranja Mecânica foi a linha de impedimento. Quem comandava o avanço dos zagueiros era o homem da sobra. Não era novidade. A Húngria em 54 já havia utilizado, mas ninguém tinha transformado a linha de impedimento em tática sistemática de defesa.

Vejam que muitas das características da seleção holandesa de 74, hoje são normais ou até indispensáveis, no entanto, naquele começo da década de 70, eram uma revolução no futebol. Em um próximo post, no domingo, irei explicar como era a criação e o ataque do Carrosel Holandês.

2 comentários:

  1. Seria o Paulo Autruori um discípulo de Rinus Michels?
    Me lembro que em 1995 o time do Botafogo tinha uma marcação bastante forte qdo o adversário estava com a bola. Outra dia estava vendo uns melhores momentos do brasileirão de 95 e me lembrei muito, ao ver o Botafogo, da seleção holandesa de 1974.
    O Rinus Michels é um vulto tão relevante para o Ajax que seus torcedores chamam o moderno Estádio Olímpico de Amsterdã de "Rinus Michelsstadion".
    Muito bom encontrar um Blog que sai da mesmice de Copa do Mundo, série A e grandes clubes.O futebol tbm é feito de história e de divisões inferiores.Ótimo post!

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